
A relação de Lina Rosa Vieira com a natureza remonta aos veraneios em Boa Viagem, entre manguezais e cajueiros, e aos tempos em que a diretora da Aliança Comunicação frequentava Aldeia, em Camaragibe, antes de o local ser loteado em condomínios. O tempo passou, mas a força desta conexão com o universo ao nosso redor, não. Com a ideia de ocupar espaços públicos e chamar a atenção das pessoas para a gravidade da situação, a também produtora cultural – articuladora de iniciativas bem-sucedidas como os festivais Bonecos do Mundo, Fito (Festival de Teatro de Objetos) e Relix – lança seu primeiro livro, direcionado a crianças de todas as idades, “Bichos Vermelhos”, com animais da fauna brasileira ameaçados de extinção. Resgatando o hábito da leitura, ela chega hoje à praça de Casa Forte, em dois horários: às 8h30 e 15h30, levando a publicação a alunos do ensino fundamental da Escola Estadual Padre Donino.
“Estou escrevendo sobre esses bichos desde o começo dos anos 2000. Tenho mais de 60 perfis deles prontos”, revela Lina Rosa, que fez a tiragem inicial de mil exemplares com apoio da Gráfica Santa Marta. O lobo-guará está na lista desde 1968 e o macaco-prego-galego, em 2010, foi apontado entre as 25 espécies de primatas mais ameaçadas em todo o mundo.
Nesta primeira edição, com ilustrações de Erick Vasconcelos e fotografias de Helder Ferrer, ela cita bichos de todo o País e alguns mais encontrados em Pernambuco que em outros Estados, como o porco-espinho esperança e a corujinha-caburé. “Se conseguir patrocínio, quero levar o livro para lugares de resistência da natureza, como parques e jardins, com bonecos em tamanho gigante dos bichos e esteiras, edredons e almofadas para incentivar o momento de ler”, planeja a criadora, que utilizou papel de madeira de reflorestamento nas páginas de “Bichos Vermelhos”.
O livro vem acompanhado de três bonecos de papel para recortar e montar em três dimensões, com moldes que podem ser copiados e refeitos pelos alunos nas escolas, para as quais foi pensado, também, um guia de aplicação pedagógica. “Gostaria de priorizar a inclusão e fazer uma versão em braile para leitores com deficiência visual e desdobrar em peça de teatro e programa de TV, bloco de Carnaval com músicas pensadas especialmente para cada bicho”, almeja. “Cada um deveria ter um bicho vermelho dentro de si, com raiva ou vergonha do que está fazendo com a natureza”, pontua Lina Rosa.
Fonte: Tatiana Meira, da Folha de Pernambuco (edição de 15/12/2015)